segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pontos Colhidos



O São Paulo começou a penúltima rodada em primeiro lugar. Perdeu pro Goiás, que não tem mais nada pra fazer no campeonato e resolveu que tinha que jogar bola agora, por vaidade, opção pessoal do Hélio dos Anjos, ou algum efeito retardado do césio 137, sei lá. Empatou com uma raça impressionante com o Flamengo num Maracanã lotado e ganhou do São Paulo no Lixeira Dourada. Começou a decidir o campeonato nesses dois jogos. Porque resolveu jogar pra ganhar. Por vaidade, o que seja. Tudo bem.

Já o Corinthians jogou com o Flamengo sem precisar de mais nada também, mas, no entanto, sem a mesma disposição. E não por preguiça dos jogadores. Eles sabiam que se ganhassem podiam entregar o campeonato pro Palmeiras. Pra que se esforçar então? Jogaram pra não ganhar. O time fez cena, correu, reclamou, pra evitar críticas, no máximo. Alguns jogadores até tentaram realmente mostrar serviço, por opção pessoal, como o Defrederico (é assim q o cara se chama?), que, no entanto, preferiu não fazer o gol no primeiro tempo. O Ronaldo, pessoalmente, se deu ao luxo de preferir nem jogar. Fez que nem o Romário - que tem uma estátua em São Januário -, já fez várias vezes contra o Flamengo: saiu do jogo pra não ter que enfrentar o time pra que torce.

E o Grêmio, agora, vai decidir o campeonato contra o Flamengo sabendo que se ganhar pode entregar o título para o Internacional. Pode ser até que jogue pra ganhar. Mas eu acho difícil.

E então eu, que sempre critiquei a fórmula de pontos corridos, hoje tenho que ter a humildade de reconhecer. É uma fórmula muito boa. Pelo menos pra mim. E pra mais pelo menos 39.999.999 milhões de brasileiros.

Tenho que reconhecer também que não é difícil um sujeito razoável defender a fórmula de pontos corridos, até porque o principal argumento da fórmula é absolutamente forte: Se todos jogam contra todos, em jogos dentro e fora de casa, no final quem tem mais pontos é necessariamente o melhor time ao longo de todo o campeonato, certo? Errado. Quer dizer, é verdade que é um argumento forte. Mas raso.

O que é ridículo na fórmula de pontos corridos é que ela, por incrível que pareça, falha justamente no argumento mocinha de racionalidade e justiça que advogam os que a defendem. O principal problema dos campeonatos de pontos corridos é que eles normalmente não possuem uma efetiva decisão. Só por um acaso os times que vão estar disputando o campeonato no final vão se encontrar em uma situação em que possam ter alguma vaga idéia do que vai acontecer com a tabela nas últimas rodadas. São jogos de informação incompleta.

Um time não tem noção do efetivo payoff dos seus jogos, a não ser nas últimas rodadas. Por um lado, é, obviamente, impossível um time jogar todos os jogos como se fosse uma decisão desde o início de um campeonato de 38 rodadas. E, por outro lado, quando os resultados do campeonato começam a se delinear (no máximo nas últimas 4, quem sabe cinco rodadas), e os payoffs, ou a situação que efetivamente cada time pode alcançar no fim das contas, começam a ficar mais aparentes, os times que seguem a trajetória pro título cruzam com times que podem até estar interessados na vitória, mas por interesses diversos, pra não cair, pra ir pra libertadores, etc. Ou não.

E aí a alegada racionalidade do resultado final do campeonato depende absolutamente do acaso. Da possibilidade de times com interesses conflitantes cruzarem no final. Ou então do humor de times que não têm nenhuma pretensão no campeonato. Pela predisposição individual de Corinthians, Grêmio e Goiás possam ter, por motivos individuais, pessoais. O problema é que a fórmula efetivamente não gera a esses times os incentivos para jogar pra ganhar. No máximo, eles jogam pra ganhar por vaidade, ou constrangimento. E isso é racional.

Em Playoffs, ou se ganha tudo ou se perde tudo em um jogo, é verdade. Mas a informação é perfeita. Um time sabe que se ganhar do outro vai à próxima fase. E pronto. O campeonato se decide na mágica de uma bola, de um lance genial. E não em acasos de tabela.

Por fim, se é pra decidir no acaso, melhor que seja pro Mengão, que faz mais brasileiros felizes. Méritos o Mengão tem. Digo, a equipe, não o clube. Foi, dos times da ponta do campeonato, o que foi submetido à maior remontagem de elenco, dentre todos. Começou o campeonato com o melhor time, mudou o elenco no meio do campeonato, remontou o time e teve a competência de se ajustar e terminar o campeonato também com o melhor time. E isso não é surpresa pra ninguém. É o que tem acontecido sistematicamente em todos os últimos anos. Só que o Mengão nunca conseguia chegar no final com fôlego pra disputar o título. Agora deu.

Andrade montou um time titular equilibrado com competência, bom senso e sem mágica. E sem reservas também. Álvaro e Angelim se equilibraram na defesa. Maldonado deu equilíbrio à marcação no meio de campo, que já contava com o vigor de jogadores como Willians e Toró. Petkovic reencontrou o seu futebol e é o jogador mais decisivo do campeonato.

E, por fim, se o que decide é a sorte... no ataque Adriano é pé quente, porra!!

Bora Mengããããão!!!

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