Como fazemos todo início de ano, pretendo apresentar aqui o meu balanço, quer dizer, uma análise fria e imparcial da situação de nosso time.
Em primeiro lugar, tenho que discordar da afirmação de que o time é o mesmo do ano passado, que não se reforçou. Quem disse isso? Quem teve o prazer de ver o jogo do Fluminense de domingo se deleitou com o maior reforço do Flamengo na temporada. Aquele que foi o homem do jogo. Aquele que definiu o resultado. Responsável por dois gols. Quem? Quem? Começa com J. Termina com ailton. Ele mesmo. Eu vou evitar falar o nome, por causa da minha pressão.
E aí, na cozinha, do Bruno ao Juan tudo igual, e que ninguém se machuque. No resto do time a segunda coisa que o Cuca fez (depois de vender aquela coisa pro Fluminense) foi tirar o Ewerton do meio, porque é óbvio, o garoto não é meia. Beleza.
Então tava pintando um meio de campo com três cabeças de área que sabem jogar, Kleberson, Ibson e Jônatas. Mas aí entrou o tal do Willians. Aí vem aquele papo, ele se apresenta no ataque, tem alguma qualidade, etc. E fica a pergunta. Pra onde é que vamos?
Voltando no tempo. Antigamente se procurava o sujeito que sabia jogar bola pra botar no meio, porque meio de campo é pra quem sabe. Meio de campo era pra jogadores talentosos, que, por ofício, também tinham que marcar. Eram "talentosos e talentosos-marcadores". Aí veio a copa de 82 e o mundo virou ao contrário: meio de campo tem que ter marcador de ofício. Cerezo e Falcão eram muito leves, não marcavam bem, por isso perdemos. Precisamos de sujeitos mais grossos. Teoria confirmada: copa de 94. Dunga, Mário Silva, como dizia o Pelé, Mazinho e Zinho. Isso sim é meio de campo. E de lá pra cá a gente vive na merda, como meios divididos entre marcadores e criadores.
Mas isso vem mudando. E em meio à mediocridade o Joel descobriu o ouro ao fazer, de certa forma, o contrário daquilo que era a mentalidade em 82, escalando marcadores que sabem jogar. Marcadores-talentosos. Ao escalar o meio com Ibson, Renato Augusto, Jonatas e Toró, todos marcadores com condição de chegar ao ataque, Joel criou um meio de campo de marcadores que conseguiam criar, ao invés de criadores que podiam marcar. E deu certo, em grande parte por causa da mediocridade do futebol brasileiro.
Então ano passado tínhamos 4 meias marcadores-talentosos. Mas hoje temos metade disso. Dois marcadores-talentosos - Ibson e Kleberson - e dois marcadores-marcadores, Airton e Willians. Ou seja, uma espécie de terceiro estágio pra baixo da mediocridade. Não é de se espantar que o time tenha dificuldade de criar.
Se continuar nessa formação vai ficar difícil. Mas o time tem opção, tem os próprios Jonatas e Toró no banco, além do Fierro, sempre pronto pra entrar, e do Frambueza. E o Cuca não é doente da cabeça. Só tem aquele problema da coçadinha no cucuruto quando perguntam pra ele se o time dele vai ganhar, o que é foda. Mas chegou a hora dele ser campeão. Bora Mengão! Bora Cuca! Bora Obama! Bora Obina!
SRN